11/02/2008

Texto em Construção - Projecto - Amar a Escrita

Participação na construção do texto: alunos da EB1 de Mogege (profª. Graça e prof. Nuno), alunos da EB1 Cima de Pele (prof. Lino)e alunos EB1 Giestais (prof. Francisco)
Chegou o Outono e com ele chegaram as primeiras chuvas.
A natureza apresenta-se colorida. Folhas de todas as cores: amarelas, vermelhas, castanhas, cor-de-laranja, …cobrem o chão.
Os pássaros desapareceram como que por magia e as suas melodiosas vozes deixaram de se ouvir.
Violeta acordou sobressaltada com o barulho da chuva.
- Plim, plim,…
A menina tinha combinado com o António dar um passeio pelo parque.
- Ai! – suspirou Violeta e abeirou-se da janela para ver se o tempo iria melhorar. Reparou que as nuvens estavam a dissipar-se e o sol espreitava timidamente por entre as nuvens.
Violeta tomou um duche rapidamente e vestiu uma blusa lilás, uma linda saia branca aos folhos com um grande laçarote lilás na cintura e calçou uns sapatos pretos com uns atacadores, com o mesmo tom da blusa.
A menina pegou num frasco de perfume e vaporizou atrás das orelhas. Pegou numa pequena bolsa, colocou-a a tiracolo e foi ter com o amigo António.
À sua passagem sentia-se um aroma suave a frutos tropicais.
- Hum…que cheiro tão agradável! – disse o António.
- Sabes António, ainda não tomei o pequeno-almoço. Queres ir comigo ao café? – inquiriu Violeta.
- Sim, gostava muito.
Os dois amigos dirigiram-se ao bar do parque, de mão dada, saltitando e chapinhando nos charcos feitos pela chuva.
- Ah! Olha para a minha saia branca toda salpicada de lama. A minha mãe vai ficar furiosa quando me vir assim.
- Vamos a minha casa, vestes uma saia da minha mãe e lavamos a tua.
E lá foram para casa do António. A menina despiu a saia e vestiu a da mãe do amigo.
- Ah!Ah!Ah…-riu-se o António ao ver a figura da menina – Pareces um espantalho.
Violeta corou e baixou a cabeça envergonhada. O menino aproximou-se e com os seus longos braços rodeou a menina e deu-lhe um forte abraço. Com carinho pediu-lhe desculpa e deixou escorregar uma pequena lágrima salgada pelo seu rosto abaixo. Violeta aceitou as desculpas, dando um beijo suave e carinhoso no amigo.
Entretanto, D. Isabel preparou um apetitoso e saudável pequeno-almoço para as duas crianças: torradas com compota de morango, leite com cereais integrais e uma peça de fruta.
- Hum! Que delicioso. -disse Violeta.
A mãe do rapaz pegou num pano húmido e limpou a saia da menina enquanto os dois se divertiam no quarto do António. Saltavam em cima da cama e davam estrondosas gargalhadas, escondiam-se debaixo da cama, no guarda-fatos, jogavam computador,…
Regressaram ao parque de bicicleta porque o tempo estava melhor.
Pelo caminho, o António, para impressionar a Violeta, começou a fazer “cavalinhos” e a andar em ziguezague no meio da rua.
- Não faças isso – gritou a menina sobressaltada e zangada.
De repente, catrapus. O rapaz estatelou-se no chão.
Aproximava-se um automóvel a alta velocidade. O condutor, apercebendo-se atempadamente da situação, travou bruscamente a fundo e o carro imobilizou-se.
O condutor saiu apressadamente do veículo e aproximou-se da criança ao mesmo tempo que a menina.
- Estás bem? – perguntaram em simultâneo a Violeta e o condutor.
Fez-se um breve silêncio que pareceu interminável naquele momento
- Dói-me um pouco a cabeça e estou com tonturas – disse o António a choramingar, ao mesmo tempo que tentava levantar-se.
- Acho que será melhor levar-te ao hospital – sugeriu o condutor.
- Também acho melhor – concordou a Violeta.
- Não. A minha mãe vai ficar preocupada se souber que eu estou no hospital – disse, amedrontado, o António.
- Não vai nada, rapaz. Tens de ir porque é necessário que sejas observado por um médico, para termos certeza que está tudo bem.
O condutor pegou no seu telemóvel, ligou para o 112 e pediu uma ambulância. Depois de explicar a situação e dizer onde era o local do acidente, esperou ansiosamente.
Passado pouco tempo, a ambulância chegou. Depois de prestar os primeiros socorros e tomarem todas as precauções para o caso de haver algum osso partido, meteram-no na ambulância e levaram-no para o hospital.
Pelo caminho, Violeta deu o número de telemóvel da mãe do amigo ao senhor Raul (o condutor). Este ligou-lhe imediatamente, para a informar do que aconteceu com o filho.
Dona Isabel estava ocupada a preparar o almoço quando tocou o telemóvel. Ao ver um número desconhecido, estranhou.
- Estou sim! – disse, ao atender.
- Bom dia - disse o senhor Raul. É a mãe do António?
- Sim, sou. Porquê? Aconteceu alguma coisa com o meu filho? – perguntou, aflita.
O condutor explicou tudo o que aconteceu e tentou acalmá-la, dizendo que a situação não era grave e que ele já estava a caminho do hospital.
Quando chegou ao hospital, o António já ia mais calmo. Já não sentia tonturas e a dor de cabeça estava a passar.
A mãe não demorou muito a chegar. Dirigiu-se ao balcão de atendimento e pediu informações sobre o estado do filho.
António tinha acabado de sair da sala de raio-x, onde se comprovou que não havia qualquer osso partido. Tudo não passara de um valente susto. Ao ver a mãe aproximar-se, António abraçou-a e começou a chorar.
- Desculpa. – pedia, a soluçar.
- Estás bem? – perguntou a mãe, preocupada.
- Estou. Tenho aqui uma receita para ires à farmácia buscar um medicamento.
Dona Isabel foi falar com o médico que atendeu o filho. Este explicou-lhe que estava tudo bem e que o medicamento era apenas para as dores, pois o rapaz tinha os joelhos e cotovelos bastante esfolados.
À porta do hospital o senhor Raul e Violeta esperavam a saída da mãe e do filho.
Ao ver o amigo sair, Violeta correu para ele.
- Eu disse-te que parasses com as brincadeiras na estrada. Sabes muito bem que é perigoso. – resmungou a menina.
- Eu sei. Mas queria que tu visses que sabia fazer coisas fixes.
- És mesmo idiota. E achas que vir parar ao hospital é fixe?
- Não. Não era isso que eu queria.
Perto dali, dona Isabel conversava com o senhor Raul.
- Não tive culpa. Ele vinha a brincar nas estrada com a bicicleta e não houve nada que pudesse fazer. – explicou ele.
- Não se preocupe. Eu sei bem como ele é. Adora meter-se em sarilhos. Já o avisei tantas vezes que tivesse cuidado na estrada, mas nunca me escuta.
- São crianças. Desta vez teve sorte, mas poderia ter corrido mal.
- Obrigado por tudo – agradeceu a mãe do pequeno.
O António, a sua mãe e a Violeta dirigiram-se para o parque de estacionamento do hospital, onde estava o carro.
- Vamos passar pela farmácia para comprar os medicamentos – sugeriu a mãe.
No carro, o ambiente era estranho, o susto, a preocupação e a tristeza deixou-os sem palavras.
O António, timidamente, perguntou:
- O pai já sabe?
- Não! Ainda não falei com ele - respondeu a mãe.
- Porquê? - Perguntou o António.
- Sabes, filho, o teu pai não pode atender o telemóvel porque tem muito trabalho e não o posso incomodar. Afirmou a mãe.
- Porque é que sempre que acontece alguma coisa tu nunca dizes ao pai?
- Já te disse! O teu pai anda muito ocupado. Disse a mãe revelando algum nervosismo.
Ao ver que o ambiente estava a ficar muito aborrecido, a Violeta decidiu meter-se na conversa.
- Tenham calma – pediu a Violeta.
- Diz-me, Violeta, se te acontecesse o mesmo, quem te iria buscar ao hospital? Questionou o António.
- Os meus pais! Exclamou confiante a Violeta.
- És uma sortuda! Os teus pais estão sempre presentes na tua vida enquanto o meu pai só pensa no trabalho.
O ambiente naquele carro ficou silencioso e triste. As lágrimas deslizavam pelo rosto do menino e a menina sentiu-se culpada.
A Violeta tentou animar o menino dizendo-lhe:
- O teu pai trabalha muito para ganhar mais dinheiro. Assim, ele pode dar-te mais coisas.
- A Violeta tem toda a razão, António – afirmou a mãe, concordando com a menina.
As palavras da amiga não animaram o António, o seu rosto reflectia a sua tristeza.
- António, não chores mais. Estás a ser injusto com o teu pai – disse a mãe revelando alguma tristeza.
Finalmente chegaram à farmácia. A mãe saiu do carro sozinha, deixou os dois amigos dentro do carro mas recomendou-lhes que fechassem o carro por dentro.
António aproveitando a ausência da mãe conversou com a sua amiga.
- António, a tua mãe tem razão, estás a ser injusto com o teu pai.
- Achas Violeta?
- António, tu sabes que tens alguma razão mas deves pensar na tua mãe. Ela também deve sentir a falta do teu pai.
- Eu compreendo que o meu pai tenha de trabalhar mas devia esforçar-se para estar mais tempo comigo. Já não me lembro da última vez que brincou comigo. Tenho saudades dos dias em que ambos dávamos grandes passeios de bicicleta.
- Os pais nem sempre têm tempo para os filhos – disse a menina com alguma tristeza.
Entretanto a mãe chegou ao carro e perguntou:
- Então, aconteceu alguma coisa?
- Não! Responderam os dois meninos ao mesmo tempo.
Passado algum tempo, chegaram a casa. Saíram do carro e a Violeta disse:
- Já é tarde! Tenho de ir embora!
Quando entraram em casa tiveram uma surpresa. O pai do António estava lá.
O António muito espantado disse:
- Pai!

Giestais – Alunos 3.º ano - Prof. Francisco

Ao ver o seu pai, o António surpreendido e muito feliz, correu para ele dizendo:
- Pai, porque chegaste mais cedo? Soubeste o que me aconteceu?
- O que te aconteceu? Não! Eu já estou em casa porque hoje terminei o meu trabalho mais cedo e quis fazer-vos uma surpresa.
- Mas… o que te aconteceu? Perguntou o pai do António.
Olha, eu vou contar-te mas não quero que fiques zangado comigo. Prometes?
- Sim… claro que não vou ficar zangado contigo. Respondeu o pai.
Então foi assim:
Eu ia com a Violeta de bicicleta para o parque e, para a impressionar fazia “cavalinhos e ziguezagues” na estrada.
A certa altura desequilibrei-me e cai, ao mesmo tempo em que passava um automóvel a alta velocidade que precisou fazer uma grande travagem para não me atropelar.
O condutor, que foi muito simpático, veio com a Violeta ao meu encontro e acompanharam-me ao hospital, porque eu sentia dores de cabeça e tonturas.
No hospital, depois de fazer alguns exames, o médico disse que não tinha nada partido e apenas receitou um remédio para as dores, que a mãe, a quem o Senhor Raul tinha telefonado a contar o que tinha acontecido, foi comprar à farmácia.
Então o seu pai, que tinha prometido não se zangar com ele, lembrou-o das muitas vezes em que lhe tinha recomendado os cuidados necessários sempre que andamos de bicicleta na rua: irmos sempre na nossa mão, sempre direitos na berma, respeitar os sinais e, se forem várias bicicletas irem sempre em fila indiana.
Sim pai, eu fui descuidado mas prometo que não volta a acontecer.
Oh pai… não vamos falar mais de coisas más!
Vamos aproveitar a tua presença em casa para matarmos saudades e convivermos em família.
Tens razão António, vamos arranjar-nos e saímos. Podemos aproveitar este tempo para passearmos e até jantar fora.
Já pensaste onde queres ir?
Olha pai, vamos falar com a mamã e, se ela concordar, podíamos ir ao Centro Comercial, aí via uns jogos, passeávamos e depois jantávamos no Macdonald`s. Que achas?
Não sei se a tua mãe vai concordar, tu sabes que ela acha que essas refeições não são muito saudáveis. Mas, como hoje é um dia especial com tudo o que se passou, pode ser que ela não se importe.
O António foi falar com a sua mãe e com a sua habilidade e os seus olhos malandros, lá conseguiu convencer a sua mãe.
Arranjaram-se e saíram…


ALUNOS 3º ANO - EB1 MATO DA SENRA - PROFª ALZIRA
Arranjaram-se e saíram os três, no automóvel da mãe.
O percurso era de cinco quilómetros. Durante a viagem, o António conversou muito com os seus pais, falando-lhes dos jogos que gostaria de ver e comprar. Então o pai perguntou ao filho que jogo queria comprar e o menino respondeu:
- Gostaria que tu me comprasses o Pés 2009.
O pai olhou para a mãe e disse:
- Vamos ver filho, esse jogo é muito caro, mas pode ser que esteja em promoção.
António concordou com a decisão dos pais.
Chegaram ao Centro Comercial e como já eram horas de jantar, dirigiram-se aos serviços do Mcdonald´s. Pediram então um Happy meal e um gelado para o António, um Mac menu para o pai e uma salada Ceaser e um gelado para a mãe.
Quando saíram, o António reparou que havia ali um cinema e disse aos pais:
- Porque não vamos ao cinema? Podíamos ir ver o Madagascar 2.
O pai respondeu:
- Vamos ver filho, tudo não pode ser, sabes que a tua mãe está desempregada.
António então disse:
- Eu prefiro o jogo. Ao cinema podemos ir no dia do meu aniversário, concordam?
Os seus pais responderam:
- Está bem filho, pode ser.
E lá foram às compras. Compraram o jogo, alguma roupa, alguns alimentos e o António lembrou à mãe que comprasse uma prenda para a Violeta.
Era já meia noite e esta família resolveu regressar a casa. O António estava com muito sono e adormeceu durante a viagem.
Quando chegaram, o pai pegou no filho ao colo e foi levá-lo ao quarto, enquanto a mãe tirava as compras da bagageira.
No dia seguinte, António acordou bem disposto. A mãe preparou-lhe o pequeno-almoço e foi conversando com ele.
A certa altura, perguntou-lhe:
- António, gostavas de ter irmãos?
O menino não reagiu à pergunta da mãe, ficou sem palavras e com lágrimas nos olhos.
A mãe ficou preocupada e disse-lhe:
- Então, não dizes nada?
O António olhou para a mãe e respondeu:
- Pronto mãe, se tu e o pai querem outro filho eu também fico contente.
- Mas não parece filho, acho que estás com ciúmes e isso é muito feio.
- Tens razão mãe, estou triste. Estava a pensar que tu e o pai não me iam dar mais atenção, amor e carinho.
A mãe muito preocupada, puxou-o para o seu colo, beijou-o e disse-lhe:
- Não penses assim filho, os nossos sentimentos vão ser os mesmos. Tu serás igual ao bebé, só que tens que compreender que ele é mais pequenino e que eu e o teu pai vamos ter que ocupar muito tempo, para cuidar dele.
O António respirou de alívio e disse:
- Mãe, eu gostava de ter uma irmã e que se chamasse Antónia, pode ser mãe?
A mãe com um ar de feliz respondeu:
- É um nome bonito filho, vamos falar com o teu pai.
A mãe foi à cozinha e o António saiu do quarto e gritou.
- Mãe, posso ir à casa da Violeta?
- Podes filho, mas não te demores, temos que ir às compras.
O menino caminhava apressadamente para casa da sua amiga e a mãe tratava das lides da casa. As horas foram passando e o António nunca mais chegava.
D. Isabel estava com muita pressa e como o menino não aparecia, resolveu ir a casa da Violeta. Quando lá chegou, tocou à campainha, mas ninguém atendeu. Ficou muito preocupada, pegou no telemóvel e ligou para a mãe da Violeta, mas D. Paula tinha o telemóvel desligado. D. Isabel estava muito nervosa e não sabia o que fazer. Então …

EB1 de Montelhão - 3º ano - Profª. Ana Maria
D. Isabel ouviu chegar um carro e viu que era o António, a Violeta e a D. Paula.. Quando eles saíram do carro, D. Isabel perguntou:
- Onde foram? D. Paula, porque tinha o telemóvel desligado?
- Fomos ao café e deixei o telemóvel em casa, a carregar. – respondeu a D.Paula.
- Mãe, trouxeste o presente para a Violeta? – perguntou o António.
- Trouxe, está no carro, podes ir buscá-lo. – respondeu a D. Isabel.
O António foi ao carro da mãe buscar o presente para a amiga. Muito feliz, entregou-lhe o embrulho com um belo laçarote colorido. Violeta abriu-o e viu um livro. Era “ O Gigante Egoísta” de Óscar Wilde.
Obrigada, António. Gostei muito do presente. Sabes que adoro livros. Nós lemos esse livro na escola e eu gostei muito da história. Agora posso voltar a lê-lo e ver as imagens, quando eu quiser.
- D. Isabel, a Violeta disse-me que o António ia ter um irmão. É verdade? – perguntou D. Paula.
- É verdade. O António já está crescido e precisa de um irmão para brincar com ele. – disse D. Isabel.
Enquanto as duas senhoras conversavam, Violeta e António começaram a correr no jardim.
Era um jardim muito grande com belas árvores antigas e enormes. Havia relva verde e macia, que formava tapetes, onde apetecia rebolar. Flores de mil cores, espalhadas pelo jardim, enchiam o ar de um perfume maravilhoso. A Primavera acabava de chegar e as andorinhas regressaram àquele jardim. Enchiam o ar com as suas belas melodias. No meio do jardim, havia um lago com peixes vermelhos, amarelos, azuis, prateados…Junto dos peixes, dois belos cisnes brancos e quatro patos amarelos e castanhos nadavam na água do lago. As árvores, os arbustos e as ervas tinham tantos tons de verde que encantavam todos os que passavam naquele jardim. No meio das árvores via-se o céu muito azul, com algumas nuvens brancas que formavam belas construções.
Os dois amigos percorreram o jardim, observando com atenção todos os pormenores. Corriam e escondiam-se atrás das árvores de troncos grossos e rugosos. Iam espreitar o lago e atiravam migalhinhas de pão aos patos, aos cisnes e aos peixes. Debruçados na grade que cercava o lago, viram duas pequenas rãs verdes que saltitavam na água. Sentiram-se cansados e sentaram-se na relva, encostados a uma árvore. Olharam para o céu azul e começaram a ver com atenção as nuvens.
- Olha, Violeta, aquela nuvem parece uma casa.
- E aquela parece um pássaro. – disse a Violeta.
- Agora já não parece um pássaro, mas um cavalo.
- E agora parece um comboio gigante!
Os meninos continuaram, durante algum tempo, a brincar com os “desenhos” das nuvens. A certa altura, o António viu um envelope no meio dos arbustos.

Profª. Fátima - EB1 de Montelhão

Com muito cuidado, entusiasmado e curioso, pegou no envelope.
-Como é que veio aqui parar? - perguntou o António.
-Talvez o envelope tenha voado com o vento. - sugeriu a Violeta.
-Não! Fui eu, sigam-me. - disse uma voz suave.
-Violeta, quem falou?
-Não sei. Eu é que não fui!
Os dois meninos ficaram entusiasmadíssimos e ao mesmo tempo preocupados.
-Abram o envelope e uma grande aventura vai começar! - falou novamente a voz suave.
Cuidadosamente, os dois grandes amigos abriram o envelope e lá dentro descobriram um mapa. Era um mapa quadrado, escuro e com pistas difíceis para um tesouro encontrar.
-Não é um mapa qualquer! É um mapa de um tesouro!- disse a voz.
António e Violeta procuraram aquela voz suave atrás dos arbustos, mas não encontraram a voz misteriosa.
Os dois amigos decidiram observar e analisar bem o Mapa do Tesouro, para tentar encontrá-lo. Olharam para o mapa e repararam que o tesouro estava escondido naquele belo e enorme jardim florido.
De repente, ouviram de novo a voz misteriosa.
-Não tenham medo! Sigam a minha voz e as pistas do mapa.
As duas crianças, ao estudar o mapa, descobriram que naquele maravilhoso jardim, existia uma gruta, mas não sabiam onde ficava situada a entrada, pois o jardim era muito grande.
A primeira pista que o mapa indicava, era que os meninos tinham de ir para o centro do jardim, onde ficava situado aquele azul, belo e maravilhoso lago com os seus lindos animais e as suas belas plantas aquáticas.
Eles dirigiram-se a correr para junto do lago, um pouco nervosos e curiosos.
-Boa! Conseguiram chegar até aqui!- disse a voz suave e misteriosa. Continuem a procurar as pistas.
Sentados na relva verde e macia, os dois companheiros desta aventura, investigaram onde poderia estar a segunda pista no Mapa do Tesouro. Analisando bem outra vez o mapa, eles descobriram que a pista os levava a uma árvore muito antiga e perfumada com ramos longos. Era a árvore mais alta daquele enorme jardim.
António e Violeta foram procurar a árvore pelo jardim, para poderem encontrar a entrada para a gruta.
Os dois amigos foram caminhando e observando bem todas as árvores, até que descobriram a antiquíssima árvore. Ela tinha os ramos cheios de flores amarelas que perfumavam o ar e encantavam todas as pessoas que por ali passavam. Era uma grande tília que ficava perto de uma enorme rocha.
-Excelente trabalho! Continuem assim que vão o tesouro encontrar! - disse aquela maravilhosa voz.
O António e a Violeta ficaram muito felizes e excitados ao ouvir aquela voz encantada e puseram-se a observar de novo o mapa. A terceira pista mandava-os observar bem aquela enorme rocha para tentarem encontrar a entrada da gruta.
Com muita atenção e paciência, os dois meninos observaram bem a rocha mas não viram a entrada para a gruta. Desanimados, sentaram-se junto à rocha e ao encostarem-se, ouviram um barulho estranho.
Rapidamente, os dois meninos levantaram-se assustados e aflitos porque uma parte da rocha começou a rebolar. Finalmente encontraram a entrada para a gruta!


Muito assustados e sem saber o que fazer, António e Violeta trocaram olhares cúmplices e decidiram entrar na gruta.
António entrou primeiro. Violeta hesitou ao entrar. Então, António deu a mão à Violeta e disse:
- Não tenhas medo, Violeta. Eu estou contigo.
Nesse instante, ouviram de novo a voz misteriosa:
- Continuem meninos, uma aventura vos espera.
De mãos dadas e com os corações a bater mais forte, os dois amigos caminharam devagarinho para o interior da gruta.
A gruta era escura e húmida, as paredes pareciam transpirar. No ar sentia-se o cheiro a terra molhada. Havia uma frecha por entre as rochas da gruta que filtrava uns finíssimos raios de luz. António e Violeta sentiam roçar nos seus rostos leves cortinados de teias de aranha. Havia um silêncio incomodativo e intimidador. Só se ouvia o barulho de alguns animais a esconderem-se por entre os buracos das rochas. A gruta era fria e, à medida que iam caminhando, os dois meninos sentiam cada vez mais frio.
De tanto medo, Violeta já não sabia o que fazer. Tremiam-lhe as pernas, seus lábios começaram a ficar cada vez mais roxos.
- Vamos embora, António! – disse Violeta, muito assustada.
- Não tenham medo. Nada de mal vos irá acontecer. – pronunciou a voz suave.
Os dois meninos caminharam juntos pela gruta e admiraram os enormes pingantes que caíam do tecto, reluzentes, que iluminavam toda a gruta.
Violeta descobriu uma luz que vinha de uma pequena abertura numa rocha. Apertou a mão do António e aproximaram-se para ver o que era aquela luz. António baixou-se e espreitou e, do outro lado, viu a ramagem de uma árvore alta que parecia ser a velha tília do jardim da Violeta. De seguida, Violeta também se baixou para espreitar mas, do outro lado, viu um olho a piscar. Era o olho de um esquilo que, por vezes, entrava na gruta para se proteger do frio. A menina ao ver o esquilo achou-o muito fofinho e decidiu ficar com ele.
Ainda em busca do tesouro, António e Violeta continuaram o caminho. Sentiam--se mais animados com a companhia do esquilo. Violeta transportava o seu novo amigo no colo e ia-lhe fazendo pequenas brincadeiras. De repente, a menina escorregou numa rocha e o esquilo saltou do seu colo e correu em direcção ao fundo da gruta.
- Violeta, estás bem? – perguntou o António, preocupado.
- Ai…ai! – gemeu Violeta.
- Deixa-me ajudar-te. – António agarrou nos braços da menina e levantou-a.
- Tenho o joelho a sangrar. – choramingou Violeta.
António ajudou a sua amiga a limpar a ferida, rasgou um pouco de tecido da sua camisa e pôs no joelho da menina.
- António, onde está o esquilo? – perguntou Violeta aflita, esquecendo-se da sua própria dor.
- Não sei. Ele correu em direcção ao fundo da gruta. – respondeu António.
- Vamos! Temos de o encontrar.
- Quem? O esquilo ou o tesouro? – questionou o António, esboçando um pequeno sorriso.
Violeta, a coxear e agarrada ao António, tentou apressar o passo em busca do seu novo amigo. O tesouro deixara de ter tanta importância no pensamento de Violeta.
- Olha, Violeta! Está ali o esquilo. Vamos! - disse o António.
- É ele, sim. Mas… parece que o esquilo está a querer indicar-nos algum caminho. – observou a violeta.
- Tens razão. Vamos segui-lo.
Os dois meninos andaram mais alguns metros e, de súbito, o esquilo parou. António e Violeta entreolharam-se e aproximaram-se do animal. Ficaram deslumbrados com o que avistaram. Mesmo em frente ao esquilo estava uma pequena caixa embutida numa rocha.
- António, será o tesouro?! – perguntou a Violeta, muito admirada.
António, sem hesitar pegou na pequena caixinha. Estava coberta de pó. Sopraram, voltaram a soprar e viram que tinha uma cor prateada, com lindos desenhos gravados. António sentia as suas mãos a tremer e o seu coração a bater descontrolado, mas estava cheio de curiosidade para descobrir o que tinha dentro daquela caixinha. Muito devagar, sentindo o medo e a ansiedade, o menino abriu a caixa. Violeta e António olharam, espantados, para o seu interior. Dentro da caixa estava uma chave e, juntamente com esta, havia um envelope.
- Outro envelope! – exclamou o António.
- Parabéns! Estão no caminho certo. – murmurou, de novo, a voz misteriosa.
- Abre o envelope, Violeta. – pediu o António.
Violeta, trémula, abriu o envelope e tirou lá de dentro duas folhas. A primeira folha tinha um novo mapa e, a segunda folha, tinha escrito a seguinte mensagem:
“Quem esta chave guardar, na gruta não vai ficar.”
- António, o que significa isto?
- Não sei, mas é melhor guardamos a chave. – afirmou o menino.
- Vou guardá-la no meu bolso. – disse Violeta.
- Repara no novo mapa. Tem desenhado novamente um lago e… Violeta, não ouves o barulho de água?
- Sim, parecem gotas de água. O som vem no sentido deste túnel.
- Vamos seguir o som, talvez nos conduza até ao lago. – disse António, cada vez mais empolgado com esta aventura.
À medida que caminhavam ao longo do túnel, o barulho da água tornava-se mais evidente. Quando chegaram ao final daquele corredor escuro e húmido nem queriam acreditar no que viam: um imenso lago de água transparente e límpida, onde repousavam milhares de moedas douradas e reluzentes.
- É o tesouro!! – exclamaram os dois meninos em coro.
- Parabéns, conseguiram! Ah! Ah! Ah! – a voz misteriosa soltou umas gargalhadas estridentes.
- E agora? O que fazemos? – perguntou Violeta, espantada.
- Vamos encher os nossos bolsos de moedas para levarmos aos nossos pais. Assim ficarão a saber que existe um tesouro nesta gruta e, depois, podemos ensinar-lhes o caminho até ao lago dourado.
- Genial ideia, António!
De imediato, os dois meninos encheram os bolsos de moedas. Violeta agarrou no esquilo e disse:
- Depressa! Temos de ir já contar aos nossos pais.
Rapidamente, os dois meninos iniciaram o percurso inverso, em direcção à entrada da gruta. Andavam cada vez mais depressa. Sentiam um enorme desejo em contar a sua aventura.
Quando estavam prestes a chegar à entrada da gruta, sentiram um arrepio em todo o corpo. A rocha tinha rolado e os dois meninos estavam fechados na gruta.
- António, não vamos poder sair!... – exclamou Violeta, com as lágrimas a escorrem-lhe pelo rosto.
- Tem calma, Violeta. Havemos de encontrar uma solução. – António tentava acalmar a sua amiga mas, no seu íntimo, estava tão assustada como ela.
- Ah! António, lembraste da mensagem que estava escrita junto com a chave?
- Sim. Dizia: “Quem esta chave guardar, na gruta não vai ficar.”
- Isso quer dizer que...

EB1 de Matinhos - Alunos - 3.º Ano - Profª. Diana

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