Uma Noite Para Não Esquecer
Eu bem que tentei mas não consegui… Estava a tentar fazer um belo e simples conto de natal mas pelos vistos não deu em nada... Por isso vou falar no que me aconteceu ontem.
Estava eu sentado à janela à espera que nevasse só se via nuvens cinzentas e tristes… Tinha acabado de ver o Pai Natal na televisão e fiquei tão feliz por ver as belas imagens que passavam dele e das suas renas, (e eu até sei alguns dos nomes delas como por exemplo o Rodolfo, o Cometa e o Cupiqualquer coisa), mas também não interessa até porque eu não acredito no Pai Natal. Mas queria a todo o custo a descobrir quem punha os presentes debaixo da árvore. Então decidi ficar acordado até mais tarde, sem o Pai saber claro…
Quem diria que algo iria acontecer nessa noite… Algo que iria mudar a forma como via e vejo o mundo. Deitei-me na cama, com os dentes já lavados e a ceia na barriga, tentando ao máximo não adormecer. Quando tinha indícios de sono dava uma estaladita para não adormecer. Passado um bom bocado, bocejava de três em três segundos, mal conseguindo abrir os olhos e mesmo a adormecer, uma luz branca e muito apelativa entrou pela janela do meu quarto: - levantei-me e não fiz barulho para não acordar os pais. Enquanto caminha vagarosamente em direcção à janela, a luz ia ficando cada vez mais fraca como se tratasse de uma lâmpada a fundir. Olhei mas a luz tinha desaparecido.
Ouvi um barulho da sala, será um ladrão? Decidi ir investigar. Calcei as pantufas mais fofas e confortáveis, para não fazer barulho e não me magoar nos pés, e vesti o robe para não ter frio.
Vi umas sombras na sala formadas pela luz da lareira. O quê? A fogueira acesa a estas horas? - Pensei para mim estranhando a situação. Corri em direcção à sala, reparei que os presentes ainda não estavam na árvore. Pó e cinzas caiam da chaminé. Aproximei-me cautelosamente para não me queimar. Mas o fogo não queimava, parecia que a lareira estava acesa só para iluminar e não para aquecer.
De repente, uma corrente de ar sai pela chaminé empurrando-o para o chão. Levantei-me com dores e vi que as auroras estavam a transportar os presentes para debaixo da árvore. Fiquei extremamente chocado com aquilo. A corrente de ar voltou mas desta vez puxava-me para a chaminé com o dobro da força. Já não tinha forças para resistir e deixei-me levar. Sentia-me a flutuar nas nuvens até que saí por ela em direcção a uma silhueta que se assimilava a um trenó. E não é que tinha razão. Era mesmo um trenó vermelho e tão brilhante que nem conseguia ver a lua. Vi quem nunca tinha imaginado ver ao vivo, o Pai Natal, praticamente igual ao que tinha visto na televisão. Fiquei boquiaberto e sem palavras. Ele pediu-me para subir para o trenó e nem o questionei. Logo a seguir, ele agita as rédeas e as famosas renas começam a levantar voo.
Do céu conseguia ver a cidade onde vivo. A minha casa parecia que tinha desaparecido no meio de tantas e descomunais habitações. O Pai Natal mandou as renas pousar numa casa muito pequena e que aparentava falta de condições. Disse-me então para espreitar por uma janela feita de madeira apodrecida . Conseguia ver uma cama muito pequena e imunda onde dormitava uma pequena criança com um ursinho remendado e um belo sorriso na face. O Pai Natal subiu para o telhado e com as suas mãos tapadas por luvas vermelhas e felpudas levantou os presentes no ar, deixando-os a flutuar,lá estavam outra vez as auroras por debaixo dos presentes, tão magníficos e suaves, abanou então os braços em direcção de um tubo enferrujado que iludia uma chaminé e sem mais demoras os presentes enfiaram-se pelo tubo em direcção a uma pequena árvore de natal decorada com o mais acentuado gosto e alegria. O Pai Natal olhou pela janela e com um bater de palmas fez com que um raio de luz dourado cobrisse a árvore de Natal e a decorasse com os mais belos enfeites. Dava tudo para poder ver a reacção da menina na manhã seguinte.
Voltei para o trenó, subi para dentro dele e levantamos voo. Desta vez o Pai Natal parou numa casa grande e majestosa que mais parecia um palácio. Pousou no telhado coberto das mais caras telhas do mundo. Tirou do bolso uma espécie de lista que continha nomes de crianças da minha idade. Com alguma pressa, percorreu a lista à procura de um nome e quando finalmente o encontrou abanando a cabeça com um ar negativo. Olhou para mim com um ar triste e disse que o que eu iria ver naquele momento era a ganância em pessoa. Então olhei pela janela de vidro duplo e vi um quarto cheio de cima a baixo com brinquedos onde no meio, uma cama com um ar majestoso tinha um miúdo com um ar arrogante a repousar.
O Pai Natal mostrou-me uma carta que dizia que o miúdo queria uma enorme quantidade de coisas mas nem um cumprimento ou agradecimento estava lá escrito. Fiquei indignado com o que vi. Nunca tinha visto uma carta tão mal intencionada. O Pai Natal decide não entregar presentes a este menino. E mais uma vez voltámos para o trenó.
O Pai Natal levou-me a ver o mundo numa noite. Vi cidades gigantescas e ao sobrevoar uma cidade onde nunca tinha nevado, o Pai Natal abanou o braço direito formando uma espécie de luva e apontou-a em direcção ao céu criando um tremendo vórtice de ar e nve fazendo com que nevasse de forma espectacular. Estava pronto para ir para casa. Pedi ao Pai Natal uma pequena lembrança e com um pequeno sorriso entregou-me um pequeno sino. Fui à janela para lhe poder dizer adeus.
Agora que é de manhã e já abri as prendas, estou a tentar imaginar o rosto da menina, que dormitava naquela pequena cama, ao abrir os presentes que tanto desejou ter. O Natal tem muito que se lhe diga.
Foi uma lição para a vida. Agora já sei que nunca devo ser ganancioso, e que devo pensar na sorte que tenho em ter tudo o que tenho hoje em dia…
Francisco Soares, 9ºA
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